quinta-feira, 9 de setembro de 2010

La saveur du Silence des Anges - O Sabor do Silêncio dos Anjos

Uau, algum tempo sem escrever, não?
Tempo o suficiente para uma faxina mental, faxina essa que sem sombra de dúvidas amplia a capacidade de se sentir.
Bem, esse feriado tive o privilégio de participar de mais um curso A Arte do Silêncio, um curso avançado da Fundação Arte de Viver.
Nesse curso, fazemos muitas meditações, yoga, respiramos, mas o grande diferencial é o silêncio. Sim, silêncio absoluto por 4 dias.
Esse silêncio tem como um de seus objetivo evitar as distrações advindas do contato e até mesmo de nós mesmos, o silêncio faz com que mergulhemos profundamente dentro de nós mesmos, afinal, somos a única pessoa com quem podemos conversar.
Além de conversas maravilhosas comigo mesma e muitas outras coisas que fazem parte do processo, eu tive uma percepção! Uma percepção que adoraria dividir, principalmente porque ela é o princípio do brinde aos sentidos.
É bem sabido que a privação de um sentido faz com que todos os demais se agucem. Quando vendamos nossos olhos somos tomados pelas garras de nossa própria audição, olfato, tato...
Em silêncio não estamos nos privando de sentido nenhum, mas é essa a sensação que se tem, pois todos os demais sentidos se aguçam de forma exponencial, tanto para fora, quanto para dentro.
Eu ouvia melhor, eu via melhor, eu sentia melhor... Eu me conhecia melhor! Eu me ouvia melhor, eu me via melhor, eu me sentia melhor!
Qual seria a mágica do silêncio sobre os sentidos? Seria a introspecção que exacerbada levaria a uma total imersão no mundo? Não sei, só sei que foi assim.
Resolvi reproduzir em uma escala bem menor o que passei por lá. Após minha corrida,  minhas práticas diárias, umas 3 ou 4 meditações, fui para cozinha. Não foi como sempre faço, quando ligo música, dessa vez, seria o império do silêncio, eu estava em silêncio, dentro e fora.
Fiz um bolo chamado Bolo dos Anjos, sem batedeira, fouet em punho e o silêncio reinava, só "quebrado" pelos doces sons que são cálidos e cheios de amor, são os sons que mais trazem conforto, são os sons de uma cozinha! E em homenagem a uma grande cozinheira que contribuiu muito com a minha experiência, fiz uma calda de cardamomo para acompanhá-lo.
Esse bolo era como o silêncio, era oco, era vazio e era tão cheio de graça! Fazê-lo foi um prazer imenso, comê-lo um prazer maior ainda.
Ele era tudo o que ele soa ser. É algo divino com um toque de pecado, é celestial mas faz cócegas que te trazem para o mundo, para o momento presente, afaga todos os seus sentidos. Ele era carinhoso, inteligente, soube o que eu precisava, me disse tudo aquilo que o silêncio ainda tentava.
Na segunda mordida lembrei de uma poesia, que uma pessoa muito especial dividiu ao final do curso, um dia vou conseguir colocá-la aqui, minha memória estava em transe. Não estava viajando entre o passado e o futuro, estava muito no momento presente, brincando de ser, sabendo que não era, e brindando todos os meus sentidos. Até o que eu nem sabia que eu tinha!

2 comentários:

  1. A língua é uma das únicas partes do corpo com várias funções.. comer, ajudar na digestão, falar, beijar, lamber.. e por aí vai... mas o bom mesmo é quando dela saem palavras doces e de amor! Muito lindo, dri! deu água na boca e enchei o peito de coisa boa. Bjs

    ResponderExcluir